sábado, 14 de novembro de 2009

Conceitos. A correção de uma injustiça.

Recentemente estive em Lisboa, onde fui conhecer a BRANDIA CENTRAL, uma Consultoria de Branding. Trata-se de uma das mais competentes e criativas agências desse setor e top 10 do mercado europeu. O mercado de Branding tem uma predominância das agências inglesas.

O trabalho, a metodologia e os processos de trabalho da BRANDIA me encantaram. E vou falar um pouco deles nesse espaço. Até porque vou começar a tratar do assunto BRANDING. E para isso é muito importante conhecer esse texto abaixo, retirada do livro da empresa Fight Gravity, que é a introdução à metodologia proprietária da BRANDIA, denominada Elevation System.

Conceitos são patinhos feios. São também os instrumentos do cérebro mais subvalorizados de toda a História. Mudam a nossa forma de pensar, mudam o nosso mundo, mas depois vem as idéias, aplicam os conceitos à prática e ficam com os créditos.

Só assim se explica que existam milhares de ensaios, documentários, artigos, filmes, livros, sobre o poder das idéias e nenhum único sobre o poder dos conceitos.

Aliás, a diferença entre idéias e conceitos é algo que a maioria das pessoas tem dificuldade em distinguir. O arado é uma excelente idéia, mas não teria prosperado sem o conceito de agricultura, assim como as idéias de semear cereais e domesticar animais. O tribunal é uma idéia genial, mas seria inútil sem o conceito de justiça. O voto e o parlamento são idéias brilhantes, mas não se teriam propagado sem o conceito de democracia.

Os conceitos têm o azar de viver no mundo da abstração. As idéias têm a sorte de fazerem a ponte entre o mundo abstrato e o mundo concreto. Vão buscar a inspiração aos conceitos, descem à terra, chamam a atenção e ficam com os louros. Toda a gente fala da invenção da roda e da descoberta da pólvora, como exemplos do gênio humano, mas são poucos os que se referem à “invenção do progresso”, ou à “descoberta do zero”.

E é fácil perceber por quê: a roda vê-se, a pólvora vê-se, o zero é invisível e o progresso idem. Mesmo que a vantagem competitiva da nossa espécie tenha sido um cérebro topo de gama, ainda continuamos a dar preferência a tudo que nos chega através dos sentidos. Se não vemos, não cheiramos, não tocamos, não ouvimos, não saboreamos, desconfiamos.

As idéias são fundamentais, mas são filhas únicas. Os conceitos, pelo contrário, são maternidades de idéias.

Branding é conceito. Comunicação é idéia. Ambas são importantes. Mas cada uma no seu devido lugar. Branding pensa, Comunicação age. Voltarei ao tema.

PS.: queria registrar aqui meu respeito e meu carinho profissional a todo time da Brandia Central que conheci em Lisboa e, em especial, a seus dirigentes Rui Trigo e Miguel Santos.

9 comentários:

  1. Excelente artigo Luis.
    Não faltam exemplos de sucessos baseados em conceitos claros e de fracassos repletos de idéias brilhantes.

    Pouco a ver, mas só para não perder a chance:
    A Marília contou-me de uma plaquinha pendurada na parede do Estúdio de uma das agências de propaganda em que trabalhou:
    "Temos poucas idéias, porém bastante confusas!"

    ResponderExcluir
  2. Com certeza.
    Excelente texto.
    E acho que os dois devem sempre coexistir. O conceito é antecessor, mas ao ser aplicado através da idéia, torna-se simultâneo e por isto vivo. A idéia mantém o conceito vivo. Ele precisa ser praticado para existir, a idéia lembra sempre que ainda está lá. E como diz no texto, por ser tátil, é que a idéia se destaca e ganha os créditos, e o conceito acaba sendo só "aquela coisa que tá implícita alí!". Mas como o conceito se torna cada vez mais predominante sobre todos os itens das marcas, e com todas essas possibilidades de customização -que acontecem dentro do conceito- de hoje em dia ele se mostra cada vez mais indispensável ao comunicar-se. Por isto creio que branding é o topo da pirâmede para onde caminham inevitavelmente até para as agências mais relutantes.

    ResponderExcluir
  3. É isto. A chave da porta dos fundos.
    Parabéns, muito bem colocado e definido.

    ResponderExcluir
  4. a ponte entre o mundo abstrato e o mundo concreto... Adoro! Ainda mais se o conceito for concreto e a idéia genial!!

    Ótimo post!

    Bjs,
    Fe

    ResponderExcluir
  5. Boa de novo Luis.
    Nao tiro a importancia da execucao, da operacao, da eficiencia, do dia a dia, muito menos da ideia central que gerou tudo isso.
    Mas acredito, sempre acreditei, e cada vez mais a vida nos prova isso, que as escolhas sao feitas pelo que uma marca e´e nao por aquilo que ela diz. E cada vez mais todos estao atentos ao que as companhias sao e alertas as diferencas entre o que dizem e o que sao.
    Um ex-cliente, incrivelmente inspirador, tem como mantra o seguinte: "It's important what we do. More important is how we do it. But most important is Who We Are".
    Abs
    Fe

    ResponderExcluir
  6. Bom.
    Exatamente o mesmo assunto da aula de sábado.
    De olho no Reputation Institute.
    Abraços,
    Vinicius

    ResponderExcluir
  7. Luis, muito bom este artigo.
    Admiro seu trabalho e sua trajetória profissional. Fico feliz por você compartilhar suas experiências e conhecimentos conosco neste espaço.

    Um forte abraço!

    Carlo Endrigo Peroni
    Araraquara - SP

    ResponderExcluir