segunda-feira, 19 de abril de 2010

Banda larga acelera a economia.

A imprensa brasileira tem noticiado muito o projeto de popularização da banda larga do Governo Federal. Muito se fala sobre a instauração da Telebrás, que acarretaria mais um passo do aparelhamento do Estado ou se o melhor caminho a ser tomado é dar essa missão à empresas privadas, como o caso da Oi (que se antecipou e apresentou seu projeto).

Pessoalmente sou a favor de que seja pela mão invisível de Adam Smith. Num país com nossa carga tributária, não precisa ser nenhum gênio para concluir que a forma mais eficiente de se fazer isso é através da desoneração. Imposto zero para banda larga.
Visões políticas e ideologias a parte, acredito que o que deve ser defendido é a urgente promoção da banda larga junto a população. Em junho do ano passado, relatório do Banco Mundial afirmara que facilitar o acesso a serviços móveis de internet e telefonia permitirá o desenvolvimento em todos os níveis da economia e da sociedade. E é com esta tese que estou de acordo.

Segundo o estudo, cada aumento de dez pontos percentuais nas conexões de internet de banda larga de um país corresponde a um crescimento adicional de 1,3 ponto percentual no PIB.

É por este motivo que este assunto deve ser prioridade na plataforma de qualquer governo, seja ele de direita ou esquerda. O setor de tecnologia da informação representa uma oportunidade única de recuperarmos o tempo perdido, e deve ser incentivado.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A sustentabilidade: utopia, realidade ou usurpação?

Sustentabilidade, eis um tema difícil de ser bem abordado. Como todo tema que entra na paranóia da sociedade midiática que vivemos, também a questão da sustentabilidade passou por um processo de ‘over shooting’, ou seja, tomou proporções muito acima do que deveria ter, apenas porque é um tema que dá ibope na sociedade.

Se dá ibope a mídia reproduz e entra um processo de competição que funciona em progressão geométrica. O jornal pauta o radiojornalismo da manhã, que pauta o telejornalismo noturno, que pauta o jornal do dia seguinte e assim sucessivamente. Lá na frente, a situação exige da revista semanal um bomba sobre o tema.

Se para estimular mais a atmosfera temos um grande evento como o de Copenhagen, tá tudo preparado para o show da mídia: veículos prontos a repercutir notícias que não deixem dúvidas que estamos caminhando para a destruição do planeta. Cientistas do mundo inteiro disputam as manchetes. Parte deles com estudos sérios e consistentes e outra parte que sonha com seus 15 minutos de fama.

A sociedade pouco a pouco vai reconhecendo esse tipo de coisa. No final da década de 60, o grande barato era falar da 'Bomba Populacional". 6 ou 7 cientistas provaram por a + b que a fome seria inexorável e que poderia ser a extinção de dezenas de milhões de pessoas no mundo. Nos anos 70 e 80 a agropecuária aumentou a produtividade de forma estonteante. E continua fazendo mais, graças ao conhecimento e a tecnologia. Teve o bug do milênio, lembra-se? Os proprietários da Escola de Base que viraram a escória da espécie humana. Enfim, precisamos estar vacinados contra essas avalanches que fazem a nossa cabeça, sem termos chance de reflexão.

Como contrapartida surgiu um grupo de estudiosos e cientistas que discordavam das teses pessimistas que circundam o tema que a emissão de gases poluentes são os principais responsáveis pelo aquecimento global. Discordavam das teses ou da ‘solucionática’ que a maioria propõe para o problema: reduzir as tendências de crescimento da economia. O cientista político dinamarquês Bjorn Lomborg disse, em excelente entrevista às Páginas Amarelas da Veja (dez, 2009, logo após o fiasco de Copenhagen): "Não sou um cético da ciência, sou um cético das políticas de combate ao aquecimento global".

Não sou cientista para opinar sobre o assunto, mas deve ser motivo de muita reflexão de todos nós que, após o surgimento dos céticos e seus questionamentos, 2 dos mais importantes estudos de cientistas renomados de grandes universidades, vieram a público para, de alguma maneira, desdizer aquilo que afirmavam anteriormente. Jornalistas publicaram notícias destacadas com o aval da verdade científica.

Meses depois, nas notas de páginas internas, a ciência envergonhada dizia que houve precipitação ou qualquer outra desculpa porque não havia como comprovar.

A sustentabilidade é um elemento do Marketing?

Fiquei impressionado com a qualidade do conteúdo da última revista da ESPM, toda dedicada ao tema. A ESPM vai, cada vez mais, ocupando um papel de destaque no cenário acadêmico brasileiro do mundo dos negócios. Vale a pena ser lida (veja um resumo e um link para compra: http://migre.me/wimx )

Vou pegar carona numa questão que me identifico: a sustentabilidade como uma nova ideologia. Há um trecho da matéria “Sustentabilidade: todos estão falando a mesma coisa? “ de que gosto muito. Nele, o professor Marcel Burstyn, da Universidade de Brasilia, relembra que a idéia de sustentabilidade alinha-se às várias formas pelas quais a sociedade pensa um futuro melhor: “Como acontece com toda utopia, a sustentabilidade suscita a dicotomia entre o falar e o fazer”.

Ou vamos tratar dos temas da sustentabilidade a partir de conceitos que formem um novo estilo de vida pro ser humano, ou vai ser difícil acreditar em soluções verdadeiras. E isso interfere diretamente na questão de como as empresas estão tratando a questão. Na mesma entrevista à Veja, o cientista dinamarquês Lomborg acusa que “a maioria das coisas que se vêem por aí é marketing”, como se isso quisesse dizer, é fake!

Acabei encontrando na mesma revista da ESPM, alguns números que confirmam esta tese. O pesquisador Dom Cabral Arruda, da Fundação Dom Cabral, citou no IV Simpósio Internacional de Administração e Marketing, realizado na ESPM em outubro do ano passado, uma pesquisa realizada no MIT. Os números assustam: no Brasil, de 92% a 100% das empresas incluíram o tema sustentabilidade em seus objetivos estratégicos corporativos, mas somente 30% converteram a pauta em prática e a sistematizaram em sua rotina. Isto é grave! Grave no ponto de vista da ética, e grave pelo ponto de vista de branding, pois, para se fazer uma Marca, destas com letras garrafais, é preciso se valer das verdades!

E este é um processo que deve ocorrer de dentro para fora. As praticas precisam ser feitas no interior das empresas, engajando o quadro de funcionários (fundamental haver um bom RH), criando corporativismo positivo, identificação, paixão e orgulho do lugar onde se trabalha. Dado isto, as ações devem ser comunicadas e articuladas com o mesmo grau de realismo. O design deve ser sincero, condizente com o estilo de vida do público alvo. Sem estereotipações.

Minha defesa é, portanto, pelas práticas sustentáveis verdadeiras, com pés no chão e com ações factíveis. Não podemos mais aceitar a caricatura do verde, o ecobonzinho, ou mesmo uma iconografia com cara de Amazônia (repare que quase tudo o que é sustentável tem as cores verde e bege em suas palhetas). Sustentabilidade tem que ser algo do aqui e do agora, do mundo real. Para nós, que estamos em grandes centros urbanos, que identificação podemos ter com uma comunicação que nos reporta à selva a cada inserção publicitária? Isto comove? Engaja?

A premissa do século XXI é de que a dimensão ambiental é indissociável da economia e da sociedade atuais. Então, para que viver em um castelo de faz de conta?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

O Custo Brasil interfere no progresso do país. E no emprego do seu filho, no preço do supermercado, no juros do crediário.

Muito se fala sobre esse tema, mas muita gente não entende claramente do que se trata. É importante deixar claro, para o leitor, do que se trata, afinal a vida de cada um dos brasileiros está sendo impactada por ele.

O Custo Brasil é um termo genérico, usado para descrever o conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem o investimento no país, dificultando o desenvolvimento nacional, aumentando o desemprego, o trabalho informal, a sonegação de impostos e a evasão de divisas. Por isso, é apontado como um conjunto de fatores que comprometem a competitividade e a eficiência da indústria nacional.

A Abimaq (Associação Br. da Industria de Máquinas e Equipamentos) divulgou recentemente um estudo inédito que mensurou o Custo Brasil para produtos agrícolas. Oito itens foram considerados e ficou constatado que o C.B. encarece em média 36,27% o preço do produto brasileiro em relação aos fabricados na Alemanha e nos Estados Unidos. Mas o mais interessante é saber que este índice, reconhecidamente elevado e alvo de muitas queixas e críticas, não era calculado com exatidão até então, pois a situação cambial era suprimida.

Segundo artigo publicado no Estado de S.Paulo de 14 de março, a falha de cálculo cambial fora sanada pelo estudo da Abimaq e que isto revela uma situação de inibição da economia brasileira, retraindo investimentos nacionais e internacionais na indústria. O empresário Mário Bernardini, que também coordenou o estudo, exemplifica bem a situação brasileira: “Imagine que um alemão apaixonado pelo clima tropical resolvesse trazer sua fábrica de porteira fechada para o Brasil, incluindo mão de obra e maquinário. O preço do mesmo produto que fabrica na Alemanha subiria automaticamente 36,27%”. É importante ressaltar que a comparação foi feita com grandes países.

Ou seja, não há problemas de mão de obra barata ou falta de leis trabalhistas. Se comparássemos o Brasil à China, o custo dobraria, mesmo sem levar em conta a crescente desvalorização do yuan.

Os ítens de maior peso são, em ordem decrescente, os insumos básicos (18,57% para a indústria em geral e 24,01% para o setor de máquinas); os juros sobre capital de giro (média de 7,95% na indústria como um todo e 9,41% no setor de máquinas). Com estes altos índices somados a um câmbio sobrevalorizado, as possibilidades de uma possível desindustrialização são muitas. Viraremos, assim, meros importadores de produtos chineses.

Devemos tomar muito cuidado com as propostas paliativas de incentivo que o governo tem divulgado (pacotes de empréstimos a fim de se “estimular” a exportação, por exemplo). Este sim é o verdadeiro custo e risco para o Brasil.